O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um documento fundamental para escolas de todo o Brasil. Ele auxilia na organização e no direcionamento do ano letivo. Afinal, administrar uma instituição de ensino requer planejamento, conhecimento, tempo e colaboração de todas as pessoas envolvidas no ambiente educacional.
Porém, tudo isso pode acabar se voltando para a figura central da escola: o diretor ou gestor escolar.
O problema é que os diretores já assumem muitas responsabilidades. Eles precisam atender o corpo docente, os responsáveis pelos alunos e interessados em fazer a matrícula, por exemplo. Além disso, ainda lidam com fornecedores e parceiros da instituição.
Consequentemente, as demandas podem acabar sobrecarregando o diretor e, na ausência de um planejamento, causam muitos problemas.
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Você sabe a importância que o Projeto Político-Pedagógico (PPP) tem para a sua instituição? Confira este guia básico e entenda o que é, a relevância e as melhores práticas para elaborá-lo!
O que é o Projeto Político-Pedagógico?
De forma geral, é um documento que norteia as ações da instituição durante o ano letivo. Ele contém as diretrizes da instituição, como o compromisso de gestão escolar participativa. O PPP tem uma longa história, mas com eficácia comprovada para o bom desenvolvimento das diretrizes de educação.
A partir da década de 1980, o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública iniciou um processo para instituir uma gestão democrática no ensino. Foi isso que deu a autonomia escolar que nós temos hoje. Além disso, gerou diversas consequências positivas, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em 1996.
De acordo com os artigos 12 a 14 da LDB, a escola tem autonomia para determinar qual será o seu PPP e a estrutura que será seguida. O documento, então, é encaminhado para a secretaria de ensino e deve ser revisado pela instituição de ano em ano.
O nome ‘Projeto Político-Pedagógico‘ se refere aos planos de ações que a escola pretende executar quanto às situações apresentadas. Sejam elas em curto, médio ou longo prazo. Outro ponto são as diretrizes políticas, que partem do princípio que o ambiente forma cidadãos conscientes de suas responsabilidades. E, por fim, a parte acadêmica mostra quais serão os recursos necessários para suprir as demandas.
Por que esse documento é necessário?
O PPP contempla todo o trabalho desenvolvido na instituição ao longo do ano letivo. Ele é o norte e, por isso, deve ser elaborado conforme a realidade da escola.
Posteriormente, é preciso ver a realidade da comunidade na qual ela está inserida também. O principal objetivo é garantir que o documento seja útil e possa, de fato, servir a seu propósito.
É fundamental que o Projeto Político-Pedagógico seja atualizado anualmente. Isso faz com que ele se mantenha vivo dentro da instituição. Pois é a partir dos indicadores trazidos por ele que a escola vai ter a consciência empresarial do que realmente precisa. Assim, pode determinar e executar um plano de ação que lhe apresente vantagens reais.
Porém, infelizmente, é comum ver o PPP engavetado e tornando-se algo meramente burocrático. E isso é um equívoco, já que os indicadores servem justamente para identificar os problemas e trabalhar soluções. Ou seja, a escola precisa saber o que fazer com os dados que obtêm para chegar nos melhores resultados.
Uma escola que quer proporcionar uma educação eficiente e de qualidade deve saber a importância que o Projeto Político-Pedagógico tem. É um caminho flexível e que se adapta às necessidades que os alunos e a própria instituição apresentam. Portanto, pode ajudar bastante na tomada de decisões estratégicas.
O que ele deve conter?
Antes de tudo, o PPP deve conter as informações gerais que identificam a escola. Também é essencial descrever a missão e as características dos clientes. Além de recursos, formação do corpo administrativo e docente, conselho de pais e mestres e planos de ação estratégicos.
Também deve apresentar outras informações como a forma de avaliação dos alunos e os projetos que serão desenvolvidos ao longo do ano. Assim como os temas que geram debates e as aulas temáticas que os professores desenvolverão.
Outro ponto importante é o método de ensino e os nomes dos autores em que se baseia o processo de aprendizagem, por exemplo. Além disso, qual é o modelo pedagógico da escola e como esse trabalho será desenvolvido por ela.
Ou seja, o PPP é responsável tanto por fazer uma avaliação geral da educação como por direcionar as etapas a serem seguidas durante o ano.
É importante lembrar que o Projeto Político-Pedagógico da escola é um guia para a execução das atividades, mas deve manter a flexibilidade necessária para lidar com imprevistos. Você também deve apresentar os métodos da escola para gerenciamento de crises e outras orientações para lidar com eventuais problemas que são possíveis de serem previstos.
Basicamente, o Projeto Político-Pedagógico reúne sete itens. Você pode dividi-los em capítulos, da seguinte forma:
Identificação da escola
Nessa parte inicial, devem constar os dados gerais sobre a escola. Tais como CNPJ, endereço, entidade mantenedora, nome do diretor e do coordenador pedagógico e membros da equipe de elaboração do PPP. Além disso, suas características: se a escola atende ao Ensino Fundamental, Médio e/ou Técnico, horários de atendimento, turnos, etc.
A identificação da escola é essencial, visto que o Projeto Político-Pedagógico é um documento oficial e que deve ser registrado na Secretaria de Educação da unidade federativa da região. Logo, esses são os requisitos mínimos para a validade do documento.
Missão
A missão se refere aos valores e princípios em que a escola se baseia. Essa parte do documento pode começar com um histórico da instituição, por exemplo. Desde a sua fundação, por quais mudanças passou e outras informações relevantes, que reforcem as suas diretrizes.
A missão em si, costuma se resumir a uma frase que mostra o objetivo principal da instituição. Para isso, considera o modelo pedagógico usado e o que se deseja alcançar em relação aos alunos, comunidade e à própria equipe.
Como os valores e princípios tendem a se consolidar ao longo do tempo, essa é uma parte do PPP que não precisa ser atualizada anualmente. Exceto se a escola passar por mudanças significativas em sua missão naquela comunidade.
No entanto, não se deve engessar a instituição com base no seu histórico, pois toda escola precisa estar aberta à evolução e às melhorias.
Contexto
O contexto no qual a escola está inserida influencia diretamente no seu PPP. Conhecer a realidade no seu entorno é fundamental para definir metas e objetivos do Projeto Político-Pedagógico.
É preciso ter um panorama da comunidade, o que envolve a análise de dados e pesquisa de campo demográfica. Assim como a coleta de informações relevantes entre os próprios alunos.
A equipe que elabora o PPP pode, por exemplo, levantar informações básicas, usando as fichas de matrícula dos alunos. A partir daí, fazer uma pesquisa para ter informações mais específicas, como a situação socioeconômica das famílias e da comunidade ao redor.
Esse, também, é o momento de firmar compromisso com as famílias, deixando claro o que a escola tem a oferecer e o que espera da comunidade escolar. Essas são informações importantes até mesmo para eventuais ações de marketing educacional e subsídios para lidar melhor com questões externas.
Indicativos sobre aprendizado
Essa parte do documento interessa diretamente aos pais, já que eles procuram indicativos para saber a qualidade do ensino da instituição.
Portanto, nesse tópico, entra o número atualizado de alunos na escola (total e por segmento), as taxas de reprovação e a média de notas. Bem como o desempenho nas avaliações governamentais, os prêmios recebidos (quando houver) e outros.
Os indicativos sobre aprendizado são igualmente importantes para definir os planos de ação da gestão escolar e pedagógica da instituição de ensino. Com base neles, é possível identificar o que precisa ser melhorado, as áreas de risco e os campos de incentivo, por exemplo.
Recursos
Os recursos, nesse caso, não se referem apenas às questões e métricas financeiras. Até vale citá-las, mas, aqui, o importante são os recursos humanos.
Ou seja: quantos e quem são os professores e demais funcionários, qual a infraestrutura da escola e os recursos tecnológicos para atender à necessidade de aprendizado dos alunos.
Isso ajuda no mapeamento de aplicação de recursos e nas formas de otimizar os gastos. Por meio dessa parte, é possível otimizar os gastos, despesas e planejar melhor as compras. Além disso, ajuda a ser mais eficaz para definir os horários de aulas, etc.
Diretrizes pedagógicas
Aqui, são detalhadas as diretrizes da escola, tais como o modelo pedagógico: tradicional, democrático, construtivista, etc. Deve-se explicar o que está previsto no currículo para cada nível ou etapa escolar. É o que permite uma construção mais sólida da estrutura pedagógica da instituição.
Cabe ressaltar que a base curricular é nacional. Porém, devido às características regionais, cada instituição tem liberdade para construir sua grade de disciplinas e focar mais ou menos em determinados temas.
Por isso, nessa hora, a participação dos professores de cada área na elaboração do PPP é fundamental.
Plano de ação para o Projeto Político Pedagógico
Por último, mas não menos importante, entra o plano de ação. O PPP deve conter as propostas de ações que serão feitas para que a instituição alcance seus objetivos e metas. Por exemplo, o que deve ser feito para que, no final do ano, haja 100% de aprovação ou quais índices de qualidade precisam melhorar.
O conjunto desses dados é que vai determinar quais são os caminhos e os prazos que a instituição deve seguir.
O documento deve ficar disponível para as pessoas que participaram da elaboração do Projeto Político-Pedagógico. Além disso, é de responsabilidade dos diretores compilar os dados e concluir o PPP.
Como elaborar o Projeto Político Pedagógico?
Para que o Projeto Político-Pedagógico seja eficaz para o desenvolvimento da escola, é preciso saber como ele deve ser elaborado. Ou seja, quais as melhores práticas que devem ser adotadas. Veja abaixo!
Conhecimento regional
Toda escola nasce com o propósito de instruir e formar cidadãos dentro da comunidade que está inserida. Sendo assim, é fundamental fazer uma análise dos motivos da existência de uma instituição de ensino naquele ambiente.
A equipe escolar também deve perceber se a comunidade é carente ou não. Isso é, qual o poder aquisitivo das famílias, assim como os costumes, moradias, etc. Tudo que indique o contexto socioeconômico do entorno da escola.
Com isso, a instituição sabe o que pode proporcionar à comunidade ao redor. Os objetivos estratégicos devem ser claros para que a escola consiga alcançá-los, considerando, ainda, os prazos de implantação.
Participação colaborativa para criar o Projeto Político-Pedagógico
Na teoria, todos que fazem parte do crescimento e desenvolvimento da instituição devem elaborar esse documento. Ou seja: pais, mestres, coordenação, diretoria, etc. O que acontece naturalmente em uma gestão participativa.
Mas, infelizmente, é comum que os gestores escolham fazer o PPP por meio de consultores externos ou até mesmo por cópias compradas de outras escolas.
O ideal seria que sua elaboração fosse colaborativa. Isso é, com a colaboração de várias pessoas de diferentes competências e atribuições, por mais que a escola tenha a autonomia de fazer o que achar melhor.
Plano de ação a partir da matrícula
Vários indicadores podem ser formulados a partir do momento em que a matrícula é efetivada. Esses dados, inclusive, são muito úteis na criação do Projeto Político-Pedagógico da escola.
Por meio da matrícula, a escola consegue mapear a localização dos alunos para prever, por exemplo, se pode ou não ocorrer evasão escolar e quais as ferramentas necessárias para controlar isso.
Além disso, o plano de ação pode lidar com a potencial inadimplência escolar. Isso porque já estabelece meios e táticas para melhorar a cobrança. Aqui entram as diversas estratégias usadas para aumentar a adimplência.
Quais os erros comuns na elaboração e execução do Projeto Político-Pedagógico?
Infelizmente, muitas escolas não dão o devido valor ao Projeto Político-Pedagógico e cometem erros repetidamente. Veja alguns dos mais comuns a seguir.
Copiar o Projeto Político-Pedagógico de outra instituição
Quando o gestor não tem ideia de como elaborar o PPP, parece fácil usar outro como base. É comum fazer pequenas modificações, como a identificação da escola, por exemplo.
Porém, segundo a pedagoga gaúcha Maribel Cheruti, que tem mais de 20 anos de experiência Direção Escolar, esse é um erro grave.
“Não devemos usar modelos prontos, porque cada instituição escolar tem sua realidade. O PPP deve contemplar essa realidade”, explica.
“Por isso, é importante fazer a pesquisa antes de elaborar o PPP. E todo professor deve conhecer e trabalhar de acordo com ele”.
Ou seja, a elaboração de um Projeto Político-Pedagógico, mesmo baseada em um modelo, deve ser única e construída para a escola e sua comunidade.
Não revisar anualmente o documento
Depois de tanta pesquisa, o PPP está pronto e não tem mais no que mexer, certo? Errado! O documento deve ser revisado anualmente. Inclusive, ao longo do ano, quantas vezes for necessário para melhorar os serviços educacionais que a escola oferece.
O próprio contexto socioeconômico da comunidade pode mudar. Com isso, as avaliações podem apresentar resultados, problemas e soluções diferentes.
A instalação de uma indústria no bairro ou mesmo um desastre natural são exemplos de algo que pode interferir no contexto. Isso pode mexer com a vida dos alunos e prejudicar os estudos.
Por isso, é tão importante atualizar o projeto constantemente, pois ele deve refletir a realidade local e da própria escola.
Não ter transparência
Algumas escolas mantêm o projeto guardado e dificultam o acesso a ele. O que é um grande equívoco, pois o seu conhecimento pela comunidade escolar é o que vai torná-lo efetivo.
Por exemplo, o ideal é imprimir o documento e fixá-lo nos murais da escola. Assim como deixá-lo disponível no site da escola. Outra boa opção é compartilhar ele com todos os professores, funcionários e familiares dos alunos. Você pode fazer isso logo no começo do período letivo, junto com a matrícula.
Ignorar conflitos de ideias
Como dissemos, o PPP deve ser elaborado coletivamente — ou seja, é normal gerar debates. Isso porque deve considerar e discutir todas as opiniões, até que todos entrem em um consenso.
Desconsiderar a opinião da comunidade em geral cria um distanciamento com a realidade. Portanto, não passe por cima dos conflitos de forma autoritária.
Estagnar a evolução tecnológica
Escolas que têm um sistema de gestão escolar conseguem apurar diversas informações que auxiliam no PPP. Por exemplo, os aspectos acadêmicos, financeiros, de controle bibliotecário e de integração entre alunos, responsáveis, professores, etc.
Dentre os mais variados planos de ação que uma escola pode executar, a aplicação de simulados é muito eficiente. Inclusive, com uma tecnologia atual, é possível ter índices menores de reprovação. Além de preparar melhor os alunos para provas e simulados futuros, como o Enem.
Conclusão
Em resumo, para elaborar o Projeto Político-Pedagógico, a escola deve fazer um diagnóstico interno. Ou seja, é preciso identificar o contexto social em que ela está inserida e o seu papel como um ambiente de ensino. A partir disso, a gestão escolar vai definir quais são os próximos passos para melhorar seus resultados.
Lembre-se de que o PPP deve ser flexível. Ele apenas indica qual direção seguir, mas deve ser aberto a críticas, ajustes e contribuições.
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